A última eleição paulistana confirma o artificial e incongruente do seu resultado. A democracia vai ficando cada vez mais distante desse arremedo de “vontade popular”.
O fato mais importante foi a histórica abstenção de praticamente 20% do eleitorado. Tais pessoas não se sentiram representadas por nenhum dos candidatos.
Outra expressão dessa falta de representação foram os votos brancos e nulos, que somados às abstenções chegaram a 29,3%, conforme noticiou a FSP online.
Não é temerário afirmar que o “cardápio eleitoral” não apeteceu a quase um terço do eleitorado.
O PT elegeu seu candidato com 55,57% dos votos válidos, portanto apenas 38,9% do eleitorado. Não é a maioria.
Além disso, se somarmos aos eleitores de Serra, onde se concentram os mais conservadores, os 30% das abstenções e dos votos brancos e nulos, realmente Haddad não tem muito por que festejar.
Lembremos de passagem que o PSDB tem-se mostrado desde muito tempo ser um quinta coluna do eleitorado conservador, competindo de modo a entregar a vitória ao PT. É uma oposição fingida. Serra parece não ter lutado para vencer, mas para perder.
Outro aspecto gritante foi o artificialismo das eleições.
Do mesmo modo como se fura uma bexiga, Russomano viu-se de repente alijado da ampla dianteira que detinha no primeiro turno. Inflou-se ao mesmo tempo o balão de Haddad, como se alguém soprasse no seu bico. O que mostra a ausência de análises sérias na escolha dos candidatos por parte dos votantes.
Um aspecto fundamental e misterioso.
Do ponto de vista das ideias, os programas apresentados pelos candidatos foram inócuos.
Temas mais profundos como aborto, casamento homossexual, violação do direito de propriedade etc., foram passados ao largo no contexto decisivo da competição.
A maioria dos que votaram em Haddad não o fez por apoiar o ideal do PT. Pelo contrário, se em seus discursos eleitorais o candidato petista defendesse a aplicação do PNDH-3, que é do PT, programa ultra-radical e anticatólico que aos poucos vai sendo imposto ao País, teria sido recusado calorosamente.
Por que foi omitido algo que está no centro das intenções do PT?
O julgamento do STF sobre o Mensalão vinha prejudicando obviamente o prestígio do PT e o de Haddad. Daí a dificuldade de sua “decolagem”. Uma derrota do PT em São Paulo seria um dano irreparável.
Conforme mencionam na “Folha de S. Paulo” Elio Gaspari e Dom Fernando Figueiredo, é público e notório que Dom Odilo Scherer e seu clero intervieram num momento estratégico que salvou o candidato petista.
Enquanto os partidos não oficialmente de esquerda mais ou menos se equivalem, entre os de esquerda o PT é o mais radical e ativo contra a Doutrina Católica e que maior dano causa ao Brasil. Basta ver o PNDH-3 (Terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos).
Como explicar que, salvo honrosas exceções, o clero comandado por D. Scherer tenha atuado num ponto eleitoralmente nevrálgico, e – por que não dizê-lo – salvo exatamente o candidato petista?
Mistério... da iniquidade!
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