sábado, 4 de setembro de 2010

Cadeirinhas e mão de ferro

A notícia da entrada em vigor do uso das “cadeirinhas” nos veículos familiares tomou os jornais. E junto, salvo uma ou outra exceção, as manifestações foram desfavoráveis e os protestos veementes.



Como fará a família com mais de duas crianças? Por que os taxis e vans estão dispensados? No caso de um acidente, um recém-nascido estará mais seguro numa caixa com amarras do que no colo da mãe? E os humildes, normalmente com mais filhos e vida mais apertada?

Outro aspecto da questão: os pais foram indiretamente, mas globalmente, taxados de incompetentes no cuidado com seus filhos. Daí a “necessidade” de o Estado intervir.
Lembra a questão das palmadas...

Aliás, se a criança recusar-se terminantemente, depois de todos os argumentos dados pacientemente, a aceitar a cadeirinha, não podendo levar sequer uma palmadinha, está dispensada da cadeirinha?...

Questões práticas dessa natureza, quando não convencem o comum das pessoas, carecem de sabedoria e tendem mais a atrapalhar do que a solucionar. Há precedentes como o kit de primeiros socorros e a lei contra a legítima defesa. Isso para ficarmos apenas nesses.

Mas há outra consideração que ainda não vi ser levantada. Pode ser que tenha sido, mas eu não vi. E espero ajudar os brasileiros sérios, levantando-a.

Quem quiser usar a cadeirinha que o faça. Uma lei impondo é exagero.
Para justificar tal lei seria necessário que o número de ocorrências fosse expressivo. As notícias de acidentes automobilísticos dadas pela mídia, muito raramente se referem à morte ou ferimento de crianças. Isto porque, (quem é motorista vê no trânsito) o comum dos pais dirige com muito cuidado por causa da presença de crianças. E esta é a maior segurança.

Inegavelmente, essa lei é uma intromissão brutal a mais do Estado no âmbito familiar. A lei obriga milhões de famílias:
- a comprar uma, duas ou três peças acessórias de segurança, uma despesa enorme para a maioria das pessoas. Ai da família que ganhar gêmeos após o primeiro ou o segundo filho ainda pequeno.
- as famílias terão de mudar os hábitos quando quiserem viajar, ou quando quiserem promover um encontro familiar e reunir todos os membros para, por exemplo, homenagear o vovô ou a vovó, comemorar o Natal ou Ano Novo. Conseguirão se reunir?
- Quantos pais optarão por não terem mais filhos, ou substituí-los por cachorros! Por enquanto, estes não estão enquadrados. Nada tenho contra os cães em si, mas tudo a favor das crianças.



Em face de situações como essas, é da maior importância deitar o olhar num horizonte mais profundo e avaliar as conseqüências muito mais sérias para todos.

Como compreender tanto zelo das autoridades por causa da morte de umas poucas crianças (quantas?, a mídia diz que foram em número de quatro no ano de 2009), e a maior despreocupação dessas mesmas autoridades para com centenas de milhares de crianças assassinadas no ventre materno a cada ano no Brasil, pelo incentivo ao aborto? Isto leva a considerar que o amor às crianças não é a razão principal dessa atitude. Quem preza tanto as crianças abomina o aborto.

Quando saem notícias de que a população brasileira está diminuindo por causa do desinteresse de muitos casais em ter filhos, ou em ter apenas um ou dois; e de que em futuro não distante seremos um país de velhos; como não ver nessa atitude um golpe vital contra a perpetuação dos brasileiros? Os filhos passam a ser uns “abacaxis” para os pais. E os que existem pertencem mais ao Estado do que aos pais.

Em resumo, estamos vendo mais uma manifestação da “mão de ferro” do governo, na linha da implantação do PNDH-3, decretado sem mais pelo Presidente Lula no ano passado, e portador de 521 mudanças draconianas a serem impostas ao País. Em outras palavras, a intenção é virar o Brasil ao avesso.
Que Nossa Senhora Aparecida nos proteja.