segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O cardápio, a bexiga e o mistério

A última eleição paulistana confirma o artificial e incongruente do seu resultado. A democracia vai ficando cada vez mais distante desse arremedo de “vontade popular”. O fato mais importante foi a histórica abstenção de praticamente 20% do eleitorado. Tais pessoas não se sentiram representadas por nenhum dos candidatos. Outra expressão dessa falta de representação foram os votos brancos e nulos, que somados às abstenções chegaram a 29,3%, conforme noticiou a FSP online. Não é temerário afirmar que o “cardápio eleitoral” não apeteceu a quase um terço do eleitorado. O PT elegeu seu candidato com 55,57% dos votos válidos, portanto apenas 38,9% do eleitorado. Não é a maioria. Além disso, se somarmos aos eleitores de Serra, onde se concentram os mais conservadores, os 30% das abstenções e dos votos brancos e nulos, realmente Haddad não tem muito por que festejar. Lembremos de passagem que o PSDB tem-se mostrado desde muito tempo ser um quinta coluna do eleitorado conservador, competindo de modo a entregar a vitória ao PT. É uma oposição fingida. Serra parece não ter lutado para vencer, mas para perder. Outro aspecto gritante foi o artificialismo das eleições. Do mesmo modo como se fura uma bexiga, Russomano viu-se de repente alijado da ampla dianteira que detinha no primeiro turno. Inflou-se ao mesmo tempo o balão de Haddad, como se alguém soprasse no seu bico. O que mostra a ausência de análises sérias na escolha dos candidatos por parte dos votantes. Um aspecto fundamental e misterioso. Do ponto de vista das ideias, os programas apresentados pelos candidatos foram inócuos. Temas mais profundos como aborto, casamento homossexual, violação do direito de propriedade etc., foram passados ao largo no contexto decisivo da competição. A maioria dos que votaram em Haddad não o fez por apoiar o ideal do PT. Pelo contrário, se em seus discursos eleitorais o candidato petista defendesse a aplicação do PNDH-3, que é do PT, programa ultra-radical e anticatólico que aos poucos vai sendo imposto ao País, teria sido recusado calorosamente. Por que foi omitido algo que está no centro das intenções do PT? O julgamento do STF sobre o Mensalão vinha prejudicando obviamente o prestígio do PT e o de Haddad. Daí a dificuldade de sua “decolagem”. Uma derrota do PT em São Paulo seria um dano irreparável. Conforme mencionam na “Folha de S. Paulo” Elio Gaspari e Dom Fernando Figueiredo, é público e notório que Dom Odilo Scherer e seu clero intervieram num momento estratégico que salvou o candidato petista. Enquanto os partidos não oficialmente de esquerda mais ou menos se equivalem, entre os de esquerda o PT é o mais radical e ativo contra a Doutrina Católica e que maior dano causa ao Brasil. Basta ver o PNDH-3 (Terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos). Como explicar que, salvo honrosas exceções, o clero comandado por D. Scherer tenha atuado num ponto eleitoralmente nevrálgico, e – por que não dizê-lo – salvo exatamente o candidato petista?
Mistério... da iniquidade!

sábado, 28 de julho de 2012

A Polícia Militar “no país dos tolos” ?

Nos meus tempos de criança, ganhei de meus pais dois livros que faziam o encanto da gente de minha idade. Um se intitulava: “As aventuras do Barão de Munchausen” e o outro “No país dos tolos”. Assim como eu, meus irmãos e primos se deleitavam com a comicidade das estórias e riam dos disparates que aquelas páginas traziam. Quando leio o noticiário atual, lembro-me sempre dos dois livros, tal o ambiente no qual estamos imersos. Contava o Barão aventureiro que ganhou uma batalha porque caiu encima do inimigo montado numa bala de canhão.
Como se vê, além de aventureiro o Barão de Munchausen mentia como um jornal – para usar uma expressão alemã de hoje - do mesmo modo como a mídia faz a favor das esquerdas e contra as direitas. Ela tenta criar a ilusão de que tudo o que a esquerda faz tem apoio popular e falseia o aspecto autoritário “comunistizante” cada vez mais evidente sobre a população. Um desses aspectos é exatamente a tentativa partida de segmentos ligados aos ditos "direitos humanos", que cada vez mais favorecem os criminosos e agora quer punir e desmontar, não quem comete o crime, mas quem lhe serve de barreira. Sim, estou falando da campanha publicitária, fortemente apoiada pela mídia, que está havendo contra a Polícia Militar, no entanto um dos símbolos da ordem mais estimados pela população. Quando as estatísticas estão apontando um aumento assustador da criminalidade, a mídia noticia os fatos alegando a excessiva dureza da PM. Quando a PM recrudesce sua atuação, esses segmentos dos "direitos humanos", altamente apoiados pela mídia (e seus congêneres esquerdistas) berram alegando que está além das medidas. O interessante é que, para os esquerdistas, os bandidos nunca passam da medida... Se um bandido é morto, faz-se um estardalhaço. Se um policial é morto, faz-se um silêncio “esquecedor”. Um bandido "mata" várias pessoas, mas a polícia comete "uma chacina". O bandido mata por culpa da sociedade, mas a polícia mata por culpa própria etc. Isso tem sido comum. Já o livro “No país dos tolos” havia uma das estórias que narrava um problema incrível. A prefeitura de um lugarejo, cujo nome não me lembro mais, construiu na cidade um imóvel para uma determinada repartição. Porém, terminada a obra, e só então, todos se deram conta de que o prédio não tinha janelas, e o seu interior ficou muito escuro. A saída para o caso foi combinar um mutirão que resolvesse o problema. Na data marcada, todos os habitantes da cidade se apresentaram cada um com uma caixa vazia, ou com uma lata, havia até gente com alçapão de pegar passarinho, para resolver o problema da escuridão. Dada a ordem pelo prefeito, todos se mobilizaram para encher suas caixas ou o que fosse, com luz “colhida” fora do prédio, tapando-as em seguida e correndo para abri-las dentro do mesmo para, assim, enchê-lo de luz. E assim passaram o dia inteiro. Realmente era um país de tolos. Essa mesma impressão se sente diante de certos estapafúrdios hoje.
Tomando o próprio caso da PM. De repente a mídia traz um tsunami de pedidos, inclusive da ONU - nenhum da população, é bom frisar - para que a PM seja extinta porque está matando muitos bandidos. Ora, a mídia nunca chora um policial morto, nem sua esposa e filhos que ficam sem seu arrimo e protetor. Vai longe o tempo em que morrer em defesa do bem, das leis, era um grande mérito. Imaginemos uma estória na qual um bando de criminosos invadisse uma cidade e matasse vários de seus habitantes. Dado o alarme, a polícia chega começa a abraçar os bandidos, oferecendo-lhes cerveja. Uma banda da polícia toca e todo mundo começa a dançar, inclusive a população, para ver se os criminosos, carregados de afagos, param de matar o pessoal. Seria uma estória típica do país dos tolos. Ora, o que as esquerdas querem fazer no Brasil é mais ou menos isso. Que os bandidos sejam reconsiderados e tratados como se não o fossem e quem não é bandido seja tratado como sendo. Então, nós somos um país de tolos? Digo com toda franqueza: Isso só vale para os brasileiros que quiserem acreditar nessa estória. Plinio Corrêa de Oliveira, já em 1983, descreveu com sua pena profética, clarividente e invencível, essa manobra, que naquele ano fazia seus primeiros ensaios. É importante o leitor se situar naquela época e ver como, mais uma vez, Dr. Plinio acertou na mosca. Para não alongar, colocarei apenas um esquema Do que ele escreveu no artigo "Quatro dedos sujos e feios", publicado na "Folha de S. Paulo" do dia 16 de novembro daquele ano. O que vem entre colchetes é acréscimo nosso: - O comunismo fracassou no Brasil: o PC é um anão de dar vergonha; - O sindicalismo [CUT etc.] também não adiantou de nada: seus chefes são comunistas, mas não domina as bases bonacheironas; - O mesmo quanto à infiltração comunista na Igreja [certos segmentos da CNBB, Comissão Pastoral da Terra etc.]: teve muito êxito nas cúpulas e no clero, mas não na miuçalha católica, a não ser em diminutas proporções; - Daí a nova tática: a apologia do crime, para suprir esses fracassos. Esquema da estratégia: a) Pelas tubas da mídia [e das ONGs de "direitos humanos"], inculcar que ideia de que a onda de criminalidade não nasce tanto da maldade dos homens, mas das convulsões sociais originadas da fome. Elimine-se a fome, desaparecerá o crime. Como, aliás, também a prostituição. b) A quem chamamos de criminoso, na verdade é uma vítima. O verdadeiro criminoso é o proprietário, sobretudo o grande: este é que rouba o pobre. O ladrão de penitenciária rouba um homem. O proprietário rouba o povo inteiro. E seu crime social é de uma maldade enorme. c) À vista de tudo isso, um governo consciente de suas obrigações tem por dever desmantelar a repressão e deixar avançar a criminalidade. Pois a criminalidade não é senão a revolução social em marcha. Todo assassino, todo ladrão, todo estuprador não é senão um arauto do furor popular. d) Então faz parte desse esquema fazer constar ao mundo inteiro que a explosão criminal no Brasil está sendo caluniada por reacionários ignóbeis. E que a criminalidade é a expressão do furor vindicativo das massas, que os sindicatos e a esquerda católica não souberam galvanizar. e) Também faz parte desse esquema fazer entrar armas no Brasil. Quando os burgueses apavorados estiverem persuadidos de que não há saída para mais nada, suscitar de dentro da criminalidade um ou alguns líderes, a quem a propaganda chamará de líder carismático. f) O jogo se completará pela voz de algum ou alguns bispos, ou talvez a CNBB, que dirá que, para evitar mal maior, é preciso que os burgueses se resignem a tratar com aqueles que [dentre os bandidos] têm um grau de banditismo menor. g) E assim se constituirá um governo à Kerensky, bem de esquerda. O dia seguinte será do Lênin que a Propaganda escolher. Que Nossa Senhora Aparecida nos proteja e ajude a superar tal investida.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

“Lé com lé; cré com cré” no velório da democracia

Caminhamos para mais uma “ficção eleitoral”. Este disparate se confirma de modo especial em São Paulo, onde os vencedores terão a terceira economia do País nas mãos. Daí o vale tudo. No afã de ganhar, as alianças vão sendo inescrupulosamente tentadas, mesmo entre velhos inimigos políticos e ideológicos, deixando o eleitorado pasmo diante de tanto descaramento. O artificialismo eleitoral tornou-se óbvio. Nosso panorama político-eleitoral é uma vergonha, um leque só com ideologias de esquerda.
O conjunto dos políticos parece uma troupe teatral cujos atores, todos muito amigos e afinados entre si, desempenham o papel que o organizador da peça lhes pedir. O maior descalabro é que a grande maioria do eleitorado não afina com o esquerdismo dos políticos; quereriam outra coisa que, aliás, em parte são prometidas nas campanhas eleitorais. Porém, a realidade histórica invariável mostra que, uma vez no poder, seja quem for, as promessas direitistas ficam no congelador, e os dirigentes vão fazendo tudo caminhar cada vez mais para a esquerda. O eleitorado mais uma vez se decepciona, descola, e conclui: “Não tem jeito, nosso ‘cardápio’ político é marcado por um só viés. Parece restaurante vegetariano”. “Lé com lé; cré com cré”, poderia ser o lema do nosso quadro partidário. Onde foi parar a representatividade democrática? Não estamos assistindo propriamente ao velório da democracia? Será que no futuro alguma direita autêntica vai reclamar uma “Comissão da Verdade” para saber o que as esquerdas fizeram da “democracia” brasileira? Quem foram os seus torturadores? Onde foram enterrados os seus restos? A História dá muitas voltas.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Afinal, por que o aborto?

Talvez o tema mais candente das controvérsias atuais em todo o mundo seja o aborto. Um fato que escandalizou a muitos pelo seu barbarismo, mas não pela sua coerência abortista, foi o artigo da revista British Medical Journal, noticiado na “Folha de S. Paulo” de 2 de março p.p. Dois acadêmicos ingleses defendem que os médicos deveriam ter o direito de assassinar bebês recém-nascidos até o uso da razão, quando não desejados pelas mães ou tiverem problemas de saúde.
Não resta dúvida de que a publicação de uma tal matéria expressa o grau espantoso de decadência e barbarismo para o qual estamos sendo empurrados. Isso mesmo, empurrados! É evidente que a maioria da opinião pública repudia o aborto, mas é também evidente que já se podem presenciar teorias as mais estapafúrdias sendo defendidas com publicidade.
Só mesmo vivendo em nossos dias para presenciar o fato espantoso dos defensores do aborto demonstrarem menos sentimentos do que os animais selvagens. Contudo, ainda não vi uma resposta dos abortistas para a seguinte pergunta: Afinal, aonde se quer chegar com o aborto e o infanticídio? Será a um estado de coisas em que a liberação sexual completa se transforme num valor supremo, o qual justifique por sua vez a morte de todos os concebidos indesejados? Ou será que os financiadores milionários do aborto velam a intenção de se chegar à eliminação pura e simples dos seres humanos, como alguns ecologistas radicais tanto desejam? Isso não explicaria por que nem os defensores dos direitos humanos nem os ecologistas defendem os bebês que são assassinados aos milhões? Tudo somado, não será sobretudo porque fomos criados à imagem e semelhança de Deus? Por que somos a imagem mais perfeita de Deus na Terra? Por que somos de Deus por um direito do Criador sobre a criatura? Por que tal investida é empreendida especialmente em povos católicos ou cristãos? Não será pela determinação – utópica, é verdade – de eliminar Deus da face da Terra com vistas a estabelecer nela do reino do demônio? Como se diz na França: Qui vivra, verra! (Quem viver, verá!) Uma coisa é certa: nem o demônio, nem os seus, conseguirão vencer a Deus. E Ele, para Sua maior Glória, os vencerá por meio de Maria Virgem, que lhes esmagará a cabeça!